A transição energética como impulsionadora da criação de emprego
Descubra como a transição energética em Portugal impulsiona a criação de empregos e promove um futuro sustentável.
A sustentabilidade já não é apenas uma palavra de ordem — tornou-se, sem dúvida, num pilar estratégico central para o crescimento económico global. Em Portugal, a transição energética emerge como uma oportunidade ímpar para impulsionar o crescimento económico e, ao mesmo tempo, fomentar a criação de empregos com um cariz sustentável.
De acordo com as estimativas da McKinsey, a transição energética pode contribuir com cerca de 10%, ou até mesmo 20%, para o crescimento económico português, até 2030. Além disso, a criação (direta ou indireta) de empregos resultantes desta transformação poderá ascender à ordem dos milhões. Tudo isto é, de facto, possível: sobretudo se o país aproveitar as suas vantagens estruturais e se procurar converter-se num líder da indústria verde europeia.
Ainda que o setor das energias renováveis seja, neste quadro, um dos principais impulsionadores, o futuro revela-se ainda mais promissor à medida que surgem oportunidades em áreas de negócio muito diversas. Portanto, atendendo à transversalidade da transição energética, é crucial preparar o mercado de trabalho, que já atravessa um momento de viragem.
Quais são os benefícios do investimento na transição energética?
À medida que a transição energética acelera, novas indústrias começam a emergir. Consequentemente, a necessidade de criar postos de trabalho torna-se cada vez mais evidente. De acordo com a McKinsey, estima-se que, até 2030, esta transição irá gerar 1,5 milhões de empregos verdes/green jobs na Península Ibérica.
Contudo, importa destacar que as oportunidades de criação de emprego não se limitam apenas ao setor das energias renováveis. Aliás, a transição energética assenta na transformação de toda a economia. Engloba, por exemplo, as indústrias pesadas: a descarbonização da produção de aço e amoníaco será possível com a aposta na utilização do hidrogénio verde.
Adicionalmente, o foco na produção de veículos elétricos e baterias pode fomentar a modernização da infraestrutura do setor automóvel, em Portugal. Trata-se, afinal, de uma área de negócio particularmente promissora, especialmente se a proibição dos motores de combustão avançar.
O desenvolvimento da indústria verde poderá, assim, impulsionar as exportações e tornar Portugal num importante hub de produção e investimento em energias verdes.
Mas a transição energética não contribui apenas para a criação de emprego. Permitirá, também, que Portugal atinja as suas metas climáticas, ao mesmo tempo que reduz a sua dependência relativamente aos combustíveis fósseis.
Além disso, a abundância de recursos por todo o país poderá favorecer o aumento da coesão social e territorial, trazendo investimento, emprego e dinamismo a regiões que, atualmente, sofrem a ameaça do despovoamento.
Como preparar os trabalhadores para a transição energética?
De facto, a transição energética vai criar empregos e setores de atividade. Porém, é essencial equacionar as profissões que se tornarão obsoletas. Tal como acontece com a evolução tecnológica, a formação e requalificação profissionais devem garantir que os trabalhadores se adaptam às novas exigências e aos desafios do mercado.
Para tal, começam a surgir iniciativas, como o Programa Trabalhos e Competências Verdes, com o objetivo de formar e requalificar os trabalhadores afetados pela transição energética, apostando assim no desenvolvimento de carreiras verdes.
Este é, no entanto, um trabalho que exige o envolvimento proativo das empresas que preveem alterar o seu negócio, no âmbito da transição energética em Portugal. Nesse sentido, revela-se fulcral considerar algumas medidas a implementar, como:
- Investir na formação e requalificação dos trabalhadores cujos cargos serão alterados;
- Estimular a aprendizagem de competências verdes em todos os níveis da organização;
- Criar programas de orientação profissional para os trabalhadores que procuram novas oportunidades ou que não poderão ser realocados internamente.
A transição energética deve, acima de tudo, promover a criação de emprego sustentável e inclusivo. É certo que as oportunidades de trabalho em energias renováveis podem não ser acessíveis a todos os profissionais, mas é vital sublinhar que a transformação abrange vários setores, oferecendo oportunidades em toda a economia.
Afinal, construir um futuro mais sustentável só é possível se ninguém ficar para trás. Com os seus recursos naturais e uma força de trabalho qualificada, Portugal já dispõe das bases necessárias para aproveitar ao máximo as possibilidades que a transição energética oferece.
Thomas Marra
Country Manager da Gi Group Holding Portugal