O poder das pessoas no RPO: trabalhar através da complexidade
Vivemos numa época com um número crescente de incertezas. E isto pode soar a cliché, mas é verdade que as empresas de todos os tipos estão a passar por muitos tipos de perturbação: tecnológica, ambiental, gestão de recursos e muito mais. Pessoalmente, acredito que esta perturbação despertou o interesse de muitas equipas de RH no apoio às suas operações diárias através de programas de fornecimento de soluções como o recruitment process outsourcing (RPO). Cada vez mais, a assistência liderada por parceiros neste espaço não tem tanto a ver com a demissão do cliente e a “entrega” da liderança e gestão do processo. Em vez disso, trata-se de colaboração, cooperação entre pessoas e alinhamento para ajudar as equipas de RH do cliente (e, em última análise, as equipas operacionais) a chegarem onde precisam de estar em termos de ter o talento certo para garantir o sucesso empresarial atual e futuro.
Porque é que a seleção de pessoas é importante – um caso para a RPO na procura de talentos de TI. Poderá olhar para a linha acima e perguntar: “Porquê o enfoque específico nas TI? em termos de RPO. A razão simples é o nível de perturbação nesse espaço específico. Trabalhar com ferramentas e serviços de TI (pense em IA, aprendizagem automática, robótica, automatização de processos) está a redefinir a procura de talentos nas operações de todos os tipos de organizações. E, devido ao ritmo cada vez mais rápido da evolução tecnológica (quem de nós conhecia o ChatGPT ou ferramentas semelhantes há três anos?), é difícil para as organizações acompanharem a criação de grupos de talentos devidamente qualificados, saberem onde encontrar e obter talentos essenciais para a missão e também, e talvez mais importante, compreenderem quais as funções para as quais terão de se qualificar (recrutar) daqui a 2-3 anos. Relativamente ao último ponto: quem diria, há alguns anos, que os engenheiros e criadores altamente qualificados seriam algo para o qual as empresas precisariam de se qualificar? Assim, o verdadeiro valor de um parceiro RPO neste espaço é a capacidade de tirar partido dos seus anos de construção de mapas de talentos (pools de talentos) e do seu conhecimento dos locais onde residem os melhores talentos, das regiões geográficas mais bem equipadas para prestar serviços remotamente ou em formatos híbridos e das condições regulamentares para adquirir esses talentos de forma justa e legal.
Trabalhar para um processo de colaboração - o O flexível
Um ponto-chave que vale a pena realçar quando se considera a utilização do RPO moderno é a flexibilidade ou agilidade da última letra do acrónimo. Enquanto a externalização tende a fazer-nos acreditar que estamos a entregar o trabalho a um parceiro externo e a deixá-lo executar todas as tarefas, as abordagens modernas ao RPO não são tão claras. Especialmente no sector tecnológico, onde as exigências de competências podem ser bastante específicas ou a atribuição de funções pode exigir confidencialidade e envolver o trabalho com informações exclusivas, a equipa de RH do cliente tem de ser envolvida nos esforços para garantir um recrutamento adequado e eficaz. Os serviços de RPO utilizam cada vez mais ferramentas de apoio, tais como consultores de recrutamento integrados nas equipas de RH do cliente, de modo a melhorar os conhecimentos do pessoal de recrutamento e o acesso aos recursos: não ultrapassar o processo. Como referi no título deste artigo, o Fator Pessoas é fundamental no recrutamento moderno e, por isso, é necessária a colaboração cliente-consultor para planear contratações que não só satisfaçam as competências, mas também a adequação cultural e o alinhamento com a missão ou visão da empresa, a capacidade de aprender e crescer dentro de uma estrutura organizacional e a construção de ligações ou relações que ajudem a preparar o negócio para o futuro (ou seja, a colaboração entre o fornecedor de RPO e a equipa de RH garante um planeamento adequado para a inovação e o desenvolvimento de produtos/serviços da próxima geração). Por isso, é necessário ter uma mentalidade de “nós” em vez de “nós/eles” para obter um verdadeiro impacto.
RPO, planeamento de pessoal e um futuro de prospetiva empresarial
Um último elemento do fator “pessoas” da RPO (e o sector das TI é particularmente sensível a este aspeto) é o planeamento futuro ou o elemento de previsão destes processos. Se o seu fornecedor de RPO trabalha verdadeiramente num espírito de colaboração para melhorar o que a sua organização já está a fazer em termos de identificação dos talentos necessários, revendo as suas competências reais e comparando-as com a visão e os valores da empresa, então também terá uma visão de onde a sua empresa precisa de estar em termos de planeamento futuro do recrutamento de talentos. Um parceiro de RPO sólido sabe que o apoio que presta não se limita a recrutar para o NOW, mas sim a criar recursos para poder recrutar para futuras necessidades de competências. Isto pode incluir várias abordagens: 1) trabalhar com a equipa de RPO para identificar e assinalar talentos nas suas bases de dados e grupos de contactos; 2) pedir ao seu fornecedor de RPO que o ajude a criar programas que apoiem a interação com futuras fontes de talento – por exemplo, cooperação com universidades, programas de mentoria, estruturas de estágio ou colaboração na entrega de trabalho a terceiros – que ajudem a construir um banco profundo de potenciais futuras contratações; e 3) estar atento à evolução das funções de TI e saber quais as posições que a sua empresa terá de contratar para 3-5 anos.
O Poder das Pessoas da sua organização continuará a ganhar importância como um dos maiores activos da sua empresa. E isto é válido mesmo quando entramos na era da Indústria 5.0, em que haverá uma maior interação entre pessoas e máquinas. O apoio do RPO às suas estratégias de contratação pode garantir quem recruta e contrata bem e quem se mantém à frente da curva quando se trata de trabalhar com indivíduos devidamente qualificados que ajudam a atingir os objectivos da sua empresa e que também encontram um significado e valor pessoal mais profundos ao fazê-lo.
Rui Rocheta
Chief Regional Officer Southwestern Europe & Latam da Gi Group Holding
