Contratação e integração de um profissional sénior na organização: vantagens e desafios

Com o envelhecimento populacional, não contratar um profissional sénior representa desperdício de talento vital para as empresas. 

Na comunicação social, o foco do discurso relativo ao mercado de trabalho costuma centrar-se, sobretudo, nos desafios enfrentados pelos mais jovens. Contudo, com o envelhecimento populacional e a subida da idade da reforma, cada vez mais, outra faixa etária se destaca nos processos de recrutamento: trabalhadores com mais de 50 anos. A contratação de um profissional sénior qualificado pode, sem dúvida, trazer múltiplos benefícios para as empresas. Por isso, é importante que as organizações estejam preparadas para apoiar a integração profissional destes trabalhadores e sensibilizadas para a sua valorização. 

Vantagens de combater o desemprego dos profissionais seniores 

O desemprego constitui, decerto, um flagelo que pode atingir qualquer pessoa em idade ativa. No entanto, um profissional sénior encontra mais dificuldades em reingressar no mercado de trabalho. Tal deve-se, então, ao desconhecimento que as entidades patronais demonstram do seu verdadeiro valor. 

Um profissional sénior desempregado constitui, inegavelmente, um talento desperdiçado! Muitos trabalhadores com mais de 50 anos possuem qualificações, soft skills, uma vasta experiência profissional e conhecimento acumulado que se devem valorizar na procura de talentos. Além disso, geralmente, a sua conduta e a sua ética profissional adequam-se aos ambientes de trabalho mais formais, cuja atratividade para os jovens tem decrescido. 

Principalmente perante as dificuldades na contratação e na retenção em determinados setores, como nas Tecnologias da Informação, o talento sénior não pode ser descurado.

Ademais, ao contrário do que alguns preconceitos levariam a julgar, estes trabalhadores flexíveis possuem capacidade de adaptação e de aprendizagem, investindo em formação. 

Associações sem fins lucrativos estão a tentar desconstruir o estigma associado ao profissional sénior, combatendo o “etarismo”, isto é, a discriminação por idade no mercado de trabalho. Tal é o caso da dNovo, que tem desenvolvido projetos no sentido de sensibilizar as empresas para os benefícios da contratação destes trabalhadores. 

Além das vantagens evidentes na competência e na experiência, salientam-se os seus elevados níveis de fidelização e o seu papel na construção de equipas inclusivas e com diversidade, enriquecidas por diversas perspetivas. 

Como apoiar a reintegração de um profissional sénior no mercado de trabalho em Portugal? 

O coração do mercado de trabalho consiste, sem dúvida, nas pessoas e nas relações profissionais que estabelecem entre si. Portanto, na generalidade dos casos, o potencial de um profissional sénior desempregado só poderá explorar-se devidamente se este for acompanhado, recebendo apoio na criação de uma rede de contactos sólida. Esse papel pode ser desempenhado por mentores com conhecimento das tendências atuais do setor e das necessidades do mercado de trabalho. 

Desse modo, uma empresa que pretenda investir na contratação de um profissional sénior qualificado deve: 

  • Integrá-lo em eventos de networking e team building;
  • Clarificar as expectativas e os objetivos a atingir;
  • Acompanhá-lo e orientá-lo na sua ambientação às novas funções;
  • Valorizar a sua experiência de trabalho anterior relevante e aproveitar o seu conhecimento e as suas conexões prévias;
  • Requalificar as suas competências, através de formação focada em reskilling e upskilling, fundamental para acompanhar a evolução do mercado de trabalho em Portugal;
  • Motivá-lo, atribuindo-lhe responsabilidade crescente e reconhecendo o seu empenho, a sua produtividade e os resultados que atinge.

No fundo, trata-se de um processo de integração profissional semelhante ao que se deve aplicar a um trabalhador de qualquer idade. Assim, o único obstáculo concreto na contratação sénior prende-se com a carência na consciencialização das organizações para a riqueza que estas pessoas experientes e competentes podem gerar e o desperdício para a economia nacional que o seu desemprego representa.  

Com a idade da reforma acima dos 66 anos, deve-se reposicionar também o idoso no mercado de trabalho e adotar uma nova postura inclusiva, benéfica não só para o profissional sénior, mas também para as empresas e o país. 

Thomas Marra

Country Manager
Gi Group Holding

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