A importância da cultura organizacional na motivação dos colaboradores
A cultura organizacional conquistou relevo nas empresas, tendo um papel determinante na motivação dos trabalhadores. Perceba como.
A cultura organizacional constitui, inegavelmente, o ADN de uma empresa, molda a sua identidade e revela-se um fator crucial para o sucesso. Contudo, se tal é verdade, porque tendemos a não valorizar este aspeto fundamental nas nossas organizações?
Afinal, a sua importância é indiscutível: basta pensar que a cultura organizacional consiste num dos critérios mais valorizados, quando alguém avalia uma oferta de emprego. Tal torna-se, sem dúvida, cada vez mais crítico perante a luta constante das empresas, na atualidade, pela atração de talento.
Cientes de que passamos a maior parte das nossas horas do dia a trabalhar, percebemos facilmente o quanto valorizamos um local de trabalho onde nos sentimos bem, onde podemos prosperar e conviver com pessoas com quem estabelecemos conexões agradáveis.
Os valores da empresa conquistaram ainda maior peso após a pandemia de COVID-19, que alterou a forma como nos relacionamos. Além disso, crescem num contexto em que a diversidade, a equidade e a inclusão ganharam relevância.
Afinal, o que é a cultura organizacional de uma empresa?
Uma boa definição de cultura organizacional pode ser encontrada no artigo “Company Culture Is Everyone’s Responsibility”, da Harvard Business Review: “o modo como as pessoas da organização se comportam e as atitudes e crenças que transmitem esses comportamentos (ou seja, “a maneira como fazemos as coisas por aqui”) — incluindo normas formais e declaradas, bem como formas implícitas de as pessoas trabalharem e interagirem”.
Trata-se, assim, de um modelo em que todos são responsáveis por alimentar o ambiente de trabalho desejado, não sendo apenas mais uma determinação que emana do topo para a base. Aliás, envolve múltiplas pessoas e funções dentro da organização, cada uma desempenhando papéis distintos no desenvolvimento e na manutenção da cultura.
Por conseguinte, facilmente compreendemos que uma cultura organizacional sólida constitui um fator essencial para o sucesso das empresas.
A influência da cultura organizacional nas empresas
Apesar do seu elevado peso, na verdade, a cultura organizacional parece uma “força mágica”, como referem Lindsay McGregor e Neel Doshi, autores da obra Primed to Perform, num artigo publicado na Harvard Business Review. Para conseguir transformar este mistério em algo mais palpável, estes autores sugerem responder a três questões concretas:
1) Como é que a cultura potencia o desempenho dos trabalhadores?
Os autores analisaram os seis motivos que levam as pessoas a trabalhar: diversão, propósito, pressão emocional e económica, potencial e inércia. Partindo daí, descobriram que uma cultura de alto desempenho maximiza a diversão, o propósito e o potencial dos colaboradores. Por outro lado, minimiza a pressão emocional e económica e a inércia. Tal promove a chamada “motivação total” (ToMo, Total Motivation).
2) Qual é o valor da cultura das empresas?
Nos estudos efetuados, foi possível validar a ligação entre a cultura organizacional (medida por ToMo) e a satisfação dos clientes. Ou seja, culturas que inspiraram mais diversão, propósito e potencial, a par de menos pressão emocional e económica e menos inércia, produziram melhores resultados.
3) Quais são os fatores que influenciam a cultura organizacional?
Sendo a cultura organizacional um conjunto de processos que afetam a motivação dos colaboradores, importa determinar quais são os mecanismos que aí se incluem. Num inquérito efetuado a milhares de trabalhadores, no Reino Unido, descobriu-se que aspetos como a liderança não apresentam tanta relevância como se poderia pensar.
Por exemplo, a determinação das funções, a identidade de uma organização — que inclui a missão e o código de conduta — e a progressão na carreira revelam-se elementos bastante mais valorizados.
Conclui-se, pois, que a cultura organizacional constitui um ecossistema, no qual diversos fatores interagem e podem reforçar-se uns aos outros. Ou seja, consiste no “sistema operativo de uma organização”, como afirmam Lindsay McGregor e Neel Doshi.
Destaca-se ainda o facto de a cultura organizacional resultar de uma responsabilidade partilhada pelos múltiplos níveis de funções de uma empresa, gerando fortes vantagens competitivas. Como tal, não é uma componente da organização que possa ser deixada ao acaso.
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