Qual será o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho?
O impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho surge em múltiplas áreas, do recrutamento à retenção de talento.
Quando se refere o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho, quase imediatamente o relacionamos com o aumento do desemprego devido à substituição de parte do trabalho humano. Todavia, o seu papel vai muito além disso. A inteligência artificial também terá influência, por exemplo, na forma como os gestores operam.
A consciência de que há uma transformação em curso, potenciada pela IA, é expressa de forma clara pelos líderes das empresas. Segundo um estudo da Confederação Mundial do Emprego (WEC), 80% dos 715 executivos seniores inquiridos afirmam que o planeamento de talentos nunca foi tão difícil como hoje. Além disso, destacam a transformação digital e a ascensão da IA entre os maiores desafios para o planeamento de talentos nos próximos dois anos.
O impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho
Em primeiro lugar, importa ter uma clara perceção do impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho. Contudo, esta tarefa não é fácil, pois estamos, neste momento, a atravessar uma onda de transformações que ainda não terminou. O mundo da IA está, sem dúvida, em explosão: muitas soluções estão ainda a ser pensadas e criadas.
Como refere o estudo “The Work We Want”, da Confederação Mundial do Emprego, vivemos numa “idade de reinvenção contínua”. No entanto, uma coisa é certa: o potencial impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho será colossal. Aliás, “esta tecnologia está a redefinir as competências de que os trabalhadores precisam em cada nível e em cada setor”.
O papel da IA no recrutamento e na retenção de talento
Alguns dados evidenciam já o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho. “Prevemos que 51% dos departamentos de RH usarão a IA no início de 2025”, afirma Johnny C. Taylor Jr., presidente e CEO da SHRM.
Mas, afinal, com que intuito será aplicada a IA pelos RH? Prevê-se a sua adoção para:
- Analisar e antecipar gaps nas competências;
- Preencher esses gaps nas competências, suprindo a falta de talento em áreas cujas empresas enfrentam dificuldades em recrutar;
- Redesenhar as estratégias de talento com base nas tarefas a executar e não nos recursos disponíveis.
Neste âmbito, não podemos esquecer que surge o risco de a IA levar à perda de emprego, mas, simultaneamente, esta também será uma solução nos casos de escassez de recursos humanos, nomeadamente devido ao envelhecimento populacional.
“Em alguns países — por exemplo, no Japão, na Coreia e na Alemanha — há populações que estão a envelhecer rapidamente; noutros há falta de mão de obra qualificada por outros motivos”, refere Stijn Broecke, da OCDE. Portanto, “há esperança de que a IA possa preencher pelo menos parte dessa falta de mão de obra qualificada”.
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A transformação dos nossos métodos de trabalho
No entanto, a sua capacidade não significa que a IA irá inevitavelmente levar à substituição dos recursos humanos. Pelo contrário, será uma aliada no aumento da produtividade. Basta pensar no conjunto de tarefas rotineiras que ainda consomem tempo, mas que poderão ser delgadas para a IA, libertando as pessoas para um trabalho mais humano.
Aliás, o estudo “The Work We Want” exemplifica isto, referindo a diferença entre as horas passadas a analisar dados de um relatório (o que a IA poderá concretizar) e o tempo investido no aconselhamento de clientes ou na criação de novos negócios.
O impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho será ainda visível na agilidade do talento, inegavelmente crucial num momento de mudança constante. Além disso, permitirá conquistar flexibilidade — tão apreciada pelos trabalhadores atuais —, permitindo conciliar a vida profissional e pessoal.
Uma das estratégias encontradas pelas empresas para responder à necessidade de agilidade será, então, recorrer a agências de emprego. Afinal, estas, além de preencherem a falta de alguns recursos, permitem aceder a competências digitais mais difíceis de contratar de forma permanente e a candidatos com qualificações mais elevadas.
Como adotar a IA de uma forma responsável
O lado positivo do impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho não deve, contudo, ignorar os riscos de uma utilização pouco ética desta tecnologia. Tendo consciência disso, a Confederação Mundial do Emprego criou o Código de Princípios Éticos para o uso da Inteligência Artificial, orientando os empregadores para a adoção da IA de uma forma responsável.
Temas como justiça, não discriminação, diversidade, inclusão e privacidade devem, sem dúvida, manter-se assegurados na gestão de recursos humanos. Só assim se poderá tirar partido dos benefícios da IA de uma forma ética.
Thomas Marra