Quais são as áreas que mais empregam em Portugal?

Descubra os dados mais recentes sobre as áreas que mais empregam em Portugal e compreenda a evolução do mercado de trabalho.

Portugal é, sem dúvida, um país de serviços! Ouvimos frequentemente esta afirmação. Aliás, de facto, quando analisamos as áreas que mais empregam em Portugal, na perspetiva dos três setores principais, confirmamos isso mesmo: dos quase cinco milhões de trabalhadores portugueses, cerca de 3,6 milhões (72%) operam na área dos serviços.

Além disso, o número absoluto de trabalhadores nos serviços, em 2022, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgado pela PORDATA, foi o mais elevado de sempre. Isto pode ser explicado pelo facto de Portugal ter uma economia muito orientada para serviços, que engloba desde o turismo até serviços financeiros, passando por áreas como saúde, educação e tecnologia.

2022

N.º total de trabalhadores: 4,9 milhões         

Setor primário: 133,9  mil

Setor secundário: 1,2 milhões

Setor terciário: 3,6 milhões

Fontes: INE e PORDATA

Todavia, o que mostram as tendências mais recentes relativamente às áreas que mais empregam em Portugal e à variação de trabalhadores em cada setor?

O emprego por setores profissionais

O setor de serviços tem um impacto significativo no mercado de trabalho português, pois é responsável por uma grande quantidade de empregos diretos e indiretos. Na verdade, desde o início da década de 1980, os serviços consistem numa das áreas que mais empregam em Portugal e os dados revelam um crescimento constante, de ano para ano, com apenas algumas flutuações.

Já no setor industrial, as últimas décadas demonstraram tendências opostas. Desde 2000, a linha decresceu de 1,7 milhões para valores em torno dos 1,2 milhões. O mesmo ocorreu na agricultura: os mais de 600 mil trabalhadores passaram, então, para pouco mais de 133 mil.

Trata-se de uma evolução natural tendo em conta a passagem à democracia, que deixou para trás uma economia muito assente na agricultura e na indústria, abrindo-se ao exterior. Um percurso também marcado pela adesão à União Europeia e a entrada na Zona Euro. À semelhança do que acontecia nos restantes países europeus, o setor dos serviços foi-se tornando dominante, ainda para mais num país em que o turismo ganhou um grande peso.

O que mostram os dados mais recentes sobre as áreas que mais empregam em Portugal?

Afinal, estas tendências mantêm-se? O que sabemos sobre as profissões com mais empregabilidade em Portugal?

Ocorreram, certamente, algumas mudanças. Entre 2021 e 2022, o setor dos serviços viu o número de trabalhadores cair (perdeu cerca de 70 mil pessoas), sendo que este decrescimento pode ter tido a sua origem nas consequências das restrições e layoffs durante a pandemia de Covid-19, que obrigaram vários estabelecimentos a fechar. Por outro lado, a indústria, a construção, a energia e a água apresentaram um aumento de 27,2 mil pessoas (11,1%).

Além disso, a agricultura, a produção animal, a caça, a floresta e a pesca registaram um crescimento na ordem das 2,6 mil pessoas (2%), segundo o “Relatório Anual sobre Emprego e Formação Profissional 2022”, do Centro de Relações Laborais (CRL).

No caso da indústria, “não sendo dos setores mais dinâmicos na economia portuguesa, [tem], apesar de tudo, vindo a modernizar-se e a procurar nichos de mercado, apostando na inovação e na qualidade como forma de diferenciação face à concorrência”, refere a EURES, uma rede de cooperação europeia de serviços de emprego.

Exemplo disto são as indústrias tradicionais do calçado e do vestuário, que “têm vindo a apostar na sua modernização, inovação e internacionalização, nos últimos anos, criando postos de trabalho mais qualificados associados a estes processos”.

As ofertas de emprego

Tendo em conta as oscilações que, inevitavelmente, interferem na análise das áreas que mais empregam em Portugal, importa assinalar alguns dados que evidenciam dinamismo no nosso mercado de trabalho; sendo que estas variações no mercado ocorrem até na mudança de trimestre, devido a fatores sazonais.

Mais de 30% dos desempregados registados em Portugal, no primeiro trimestre de 2023, voltaram a trabalhar no segundo trimestre do ano, segundo o INE. Portanto, mais de 116 mil pessoas conseguiram sair da situação de desemprego. Além disso, as ofertas de emprego cresceram 25%, no primeiro trimestre do ano, comparativamente com o período anterior, revela a Fundação José Neves.

Entre as profissões com maior incremento de ofertas entre abril e junho, contam-se médicos, diretores de sucursais de bancos, serviços financeiros e seguros, diretores financeiros, analistas e programadores de software e aplicações. Destacam-se, ademais, autores, escritores, tradutores e linguistas.

Estes dados revelam-se ainda mais animadores em comparação com os restantes países da Europa. De acordo com o Eurostat, em Portugal, o emprego aumentou 1,3%, entre o primeiro e o segundo trimestre de 2023, enquanto a média europeia registou uma subida de apenas 0,1%. Assim, Portugal, a par da Lituânia e de Malta, integra os países com maior crescimento do número de pessoas empregadas.

Ainda que assim seja, a verdade é que o mercado está em constante evolução e os números são muito voláteis, tanto mais num contexto que em vários fatores pesam no futuro do trabalho.

Como refere a Deloitte num estudo intitulado Humanizar o Futuro do Trabalho, “assiste-se também ao surgimento de modelos de trabalho alternativos (como o trabalho temporário, free lancers etc.), as alterações culturais derivadas da clivagem geracional e a um crescente foco no desenvolvimento e evolução das competências dos profissionais, por oposição a uma carreira para a vida toda como acontecia outrora”. Todos estes fatores são, pois, determinantes no comportamento do mercado de trabalho, exigindo respostas novas e inovadoras. Por isso mesmo, é importante que Portugal continue a investir em novas áreas de crescimento e a fornecer formação e educação para garantir que os trabalhadores estejam preparados para as mudanças no mercado de trabalho.

Thomas Marra

Country Manager
Gi Group Holding

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