A nova geração zillennial e o mercado de trabalho atual

Entre os millennials e a geração Z, a nova geração zillennial tem características próprias evidentes no mercado de trabalho.

Há quem lhes chame “zillennials” e quem prefira designá-los por “zennials”. Sentem-se demasiado jovens para serem millennials, mas também velhos demais para pertencerem à geração Z (dos zoomers). Quem se inclui, afinal, nesta nova geração zillennial? Além disso, como encaram estes jovens trabalhadores o mercado de trabalho?

O que é a nova geração zillennial?

A nova geração zillennial consiste numa microgeração constituída pelas pessoas que nasceram entre 1993 e 1998. De facto, só recentemente surgiu a necessidade de criar esta designação, pois muitos millennials (nascidos entre 1981 e 1996) não se enquadram nem se reveem na descrição da sua suposta geração. Por outro lado, também não se identificam totalmente com todas as principais características da geração Z (cujos membros nasceram entre 1997 e 2012).

Afinal, esta nova geração zillennial ainda se lembra de ver filmes em DVD e de ouvir um CD, como os millennials. Contudo, de certo modo, sente-se com muitas competências digitais, porque, quando chegou ao Ensino Secundário, já a maioria da população possuía um smartphone e utilizava Wi-Fi. Assim, os zillennials não se recordam do mundo sem Internet e cresceram com smartphones e redes sociais, tal como a geração Z.

Surgindo no limiar entre a geração millennial e a geração Z, eram ainda bebés quando ocorreu o ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque. Como refere Deborah Carr, professora de Sociologia e diretora do Centro de Inovação em Ciências Sociais da Universidade de Boston, citada pela CNN, a nova geração zillennial praticamente não se lembra do mundo antes dos fortes controlos de segurança nos aeroportos ou de viver sem a ameaça do terrorismo e de outros fenómenos globais, como pandemias.

 

As principais características da nova geração zillennial

Perante este contexto, como se sente e como se comporta esta nova geração zillennial? Destacam-se diversas particularidades específicas, a saber:

  • Neste momento, constitui a geração mais conectada de sempre, integrando facilmente as novas tecnologias no mercado de trabalho! Relativamente à adesão a jogos e à utilização de redes sociais, superam os millennials. Já em comparação com a geração Z, passam mais tempo a ler notícias nas plataformas online.
  • Mais de um terço dos adultos zillennials ainda vive em casa dos pais. Segundo a Business Insider, tal é o caso de 48% dos zillennials americanos. A par do seu emprego estável, a sua situação habitacional dá-lhes alguma disponibilidade financeira para consumirem.
  • Preferem despender mais dinheiro em produtos sustentáveis ou com garantias éticas, considerando a sustentabilidade ambiental mais importante do que o nome da marca. Ainda assim, revelam alguma ponderação quando se trata de gastos financeiros. Talvez por isso tendam a comprar produtos em segunda mão.
  • Quase 70% dos zillennials estão dispostos a fornecer os seus dados, se considerarem essa troca justa.
Nova geração zillenial no trabalho

Os zillennials no mercado de trabalho: a procura do equilíbrio

Os mais velhos da nova geração zillennial estão já com mais de 30 anos, acumulando alguma experiência no mercado de trabalho. Segundo a publicação sobre serviços financeiros PYMNTS, mais de metade deste grupo (54%) tem emprego a tempo integral. Aliás, apenas cerca de 12% destes jovens no mercado de trabalho estão em part-time. Sabe-se ainda que metade dos zillennials têm adotado plataformas de trabalho temporário como ferramentas para encontrar uma ocupação profissional em regime freelancer.

Todavia, estarem no mercado de trabalho não significa que se sintam ajustados. Apesar de ainda influenciados pela ideia passada pelos pais de que é preciso trabalhar muito para conseguir vingar no mundo profissional, a verdade é que esta geração não se encaixa nesse padrão. Afinal, não se deveria valorizar também a saúde física e mental, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?

 

Os zillennials e o trabalho no mundo pós-pandémico

A pandemia veio, de alguma forma, dar-lhes razão, criando abertura para que as empresas cedessem às reivindicações desta geração e para a evolução do mercado de trabalho em Portugal. Atualmente, quando ponderam um possível emprego, os zillennials colocam na balança não só a remuneração, mas também o seu bem-estar, a ética laboral e a cultura da empresa. Além disso, apreciam políticas de sustentabilidade ambiental, de responsabilidade social e diversidade no ambiente de trabalho.

Mesmo sabendo que arrisca ser considerada “preguiçosa” ou “inconstante” — neste caso, porque troca de emprego com alguma frequência —, a nova geração zillennial valoriza um ambiente de trabalho saudável, humano, no qual possa crescer e desenvolver-se.

Além disso, estes trabalhadores preferem flexibilidade de horário de trabalho e exercer funções em teletrabalho durante alguns dias (trabalho híbrido), para poderem construir uma vida mais equilibrada. Tudo isto porque sentem que o trabalho não os define: este é apenas uma parte das suas vidas.

Contratar pessoas que, hoje, têm cerca de 25-30 anos significa apostar numa geração que, simultaneamente, está disposta a mostrar todo o seu profissionalismo, mas tem plena noção de que o “trabalho não é tudo”. Aliás, a vida profissional constitui, sem dúvida, apenas uma parcela do seu mundo. Conseguiremos ter abertura para aprender com esta nova geração zillennial?

Rui Rocheta

Regional Head – LATAM, Iberia e França
Gi Group Holding

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